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Um texto de apresentação se presta à difícil tarefa de explicar a leitores exigentes, seletivos e ciosos de seu tempo, as razões pelas quais a obra, que agora têm entre as mãos, merece ir para casa consigo – e não apenas para adornar estantes ou figurar no acervo de bibliotecas. Queremos falar ao leitor que folheia este livro, em pé, no balcão da livraria ou da biblioteca, premido por uma espécie de tempo-vertigem, em que as injunções do tempo e do espaço se fundem e se dissolvem, inaugurando uma nova temporalidade: a era da velocidade. O desafio se redobra: é preciso falar ao leitor num tempo marcado pela instantaneidade, fluidez, dispersão, em que muitas relações se reconfiguram, volatilizadas sob as vestes de conexões rápidas e fugazes. Em um tempo presentificado, em que tantos leitores se sentem acossados por agendas multitarefárias, essa obra faz ressoar o lamento de Walter Benjamin: “Já passou o tempo em que o tempo não contava.” Como um flanco de resistência à azáfama dos dias, este livro abre uma pausa: para um café, uma conversa, uma interlocução com o leitor. Ao enfrentar temas como cyberintimidade, cibercultura e pós-modernidade, a escrita do texto se dá em outro registro, procurando reinventar um tempo da delicadeza. Refletindo sobre a escrita de si na era digital, a tessitura do texto subverte a lógica da velocidade, em prol de uma temporalidade mais retrô, ao modo de Manoel de Barros, extraindo de cada palavra os seus sons ancestrais. Para tratar de uma escrita contemporânea, paradoxalmente, a obra reivindica uma <<escritura>> barthesiana, artesanal, slow. Nesse mundo de passageiros e transeuntes, este texto desafia a arte dos encontros, recolocando a escrita como o lugar dos afetos e dos atravessamentos. Para embarcar logo na primeira página.