Entre as décadas de 1960 e 2020, a demanda por cursos do Ensino Superior no Brasil deu um grande salto com o número de matriculados que passou de 200.000 para 8 milhões nesse período. O motivo se deu em razão de o mercado ter percebido que os profissionais bem preparados apresentam melhores resultados, passando, por isso, a exigir o diploma como requisito mínimo para a contratação.
Compatibilização
Portadores do diploma em engenharia, por exemplo, precisam demonstrar, na prática, que são engenheiros. Isso vale para todas as profissões.
O século XXI nos mostrou uma situação inusitada: profissionais diplomados que não conseguem exercer a profissão estudada, que não têm os conhecimentos, as habilidades e atitudes necessárias, são apenas portadores dos diplomas; às vezes, eles conseguem, de alguma forma, trabalhar na profissão, mas não conseguem cumprir com o prometido.
Para romper com a distopia, o cliente dos serviços do diplomado precisa descobrir se, além do diploma, o profissional, de fato, possui as devidas competências para o exercício. O que ocorre é que, na maioria das vezes, o contratante não sabe como descobrir as qualidades do profissional; então, resta-lhe confiar no diploma que ele apresenta.
Vida acadêmica
Antes do processo seletivo, representantes da Instituição de Ensino Superior (IES) deveriam realizar a seguinte pergunta para os candidatos: você quer aprender uma profissão ou quer apenas o diploma? A resposta facilitaria a vida acadêmica dos envolvidos. Por um lado, em um mundo distópico, teríamos alunos que desejariam apenas o diploma e a IES especializada em fornecê-lo; enquanto, por outro, outras instituições poderiam optar por desenvolver expertises em que diplomas e competências profissionais fossem igualmente encontrados nos graduados.
Alguns pensadores da educação demonstram preocupação em saber que estudantes podem ser induzidos a seguir um caminho mais fácil até chegar ao diploma, sem a devida qualificação na formação. Sabemos que a boa educação é capaz de transformar as pessoas, e estas, por sua vez, podem transformar o mundo para melhor. Desse modo, profissionais que pensam ser detentores do conhecimento, mas que, na verdade, não o têm se transformam em um perigo social.
Proposta
Algumas ideias para solucionar o descompasso entre ser diplomado e não saber exercer a profissão:
1 – Os conselhos profissionais precisam testar, de forma justa e compatível, os concludentes de todos os cursos. Somente deveriam exercer as profissões os egressos que forem devidamente testados, a exemplo do que já ocorre com os formados nos cursos de Ciências Contábeis e Direito.
2 – As IESs, públicas e particulares, necessitam continuar a ser muito criteriosas antes de diplomar seus alunos. Somente os capacitados deveriam receber diplomas.
Futuro
Precisamos avançar com a qualidade dos serviços e produtos brasileiros. A participação na 5ª onda tecnológica, a qual já se aproxima, é fundamental para os países que desejam mais justiça social.
“Fazer de conta” que estamos estudando ou trabalhando jamais permitirá que o nível de desenvolvimento do primeiro mundo seja alcançado. Continuaremos como fornecedores de matéria-prima e de poucos produtos industrializados.
José Rocha
Reitor do Centro Universitário Christus