Sandra Rebouças, fisioterapeuta em Fortaleza, organizou e coordenou, juntamente com o ginecologista Leonardo R. S. Bezerra e o urologista Marcos Flávio Rocha, o programa de fisioterapia do XXXVI Congresso Brasileiro de Urologia. Nesse texto, ela conta sobre os três dias de palestras e discussões. A programação explorou uma gama de temas relativos à urologia masculina, feminina e pediátrica.
Atualmente, a fisioterapia pélvica aborda aspectos como disfunções sexuais, urinárias e anais, constipação, algias pélvicas e prolapsos de órgãos pélvicos. Diante da diversidade da abordagem dessa especialidade, surgiu a necessidade de promover um programa que fosse capaz de abranger temas distintos, no qual fosse possível atualizar com evidências científicas e de forma objetiva o profissional
da área.
No primeiro dia, foram abordados assuntos da fisioterapia em uroginecologia e disfunções do assoalho pélvico com a participação de renomados nomes de várias especialidades, como a ginecologista Sara
Karbage, que falou sobre “Neurofisiologia da micção e estudo urodinâmico – o que precisamos saber”, seguida do urologista Carlos Sucupira, que falou sobre “Estudo urodinâmico com parâmetros indicativos de fisioterapia pélvica”. Dando seguimento às atividades em uma abordagem mais atual, propus reflexões sobre o “papel da fisioterapia pélvica nas estratégias de prevenção das disfunções do assoalho pélvico”, inclusive demonstrando dados que levam os profissionais a repensar a necessidade de maior orientação e consciência corporal na prática de determinadas atividades físicas, principalmente por parte das mulheres, como no caso dos treinos de alta performance (por exemplo, o cross fit), visto que um número cada vez maior de atletas tem apresentado incontinência urinária durante atividades esportivas. O primeiro dia também trouxe debates sobre a avaliação das disfunções do assoalho pélvico e da dor
pélvica crônica na mulher, neuromodulação sacral, usos de pessários, dentre outros temas.
O segundo dia do programa evidenciou temas da fisioterapia pélvica na urologia e sexualidade. O evento contou com a participação de convidados locais, bem como palestrantes do Rio de Janeiro e São Paulo,
como Francisco Coutinho, que apresentou o tema “O que o fisioterapeuta precisa saber sobre bexiga neurogênica”, seguido de sua esposa e fisioterapeuta Mônica Santos, que abordou a sexualidade do cadeirante. O urologista Hélio Gouveia trouxe um tema relevante para urologistas e fisioterapeutas:
“Os danos que a cirurgia radical da próstata pode causar nas funções do assoalho pélvico”. Sua esposa e fisioterapeuta Eliane Gouveia deu continuidade à temática, falando sobre “Fisioterapia pélvica na incontinência urinária pós-prostatectomia radical”. Ana Claudia Belmar discutiu sobre disfunção erétil (DE) e mostrou a carência de evidência científica no tratamento conservador da DE. Ana Claudia, inclusive, incentivou os participantes a desenvolverem novos estudos.
O idoso teve destaque especial em duas palestras. O urologista Paulo Marcelo Accioly abordou distúrbios miccionais. Em seguida, eu apresentei a fisioterapia pélvica em idosos. O urologista Rommel Regadas e a fisioterapeuta Marilia Karla Nunes Costa trouxeram atualizações sobre bexiga hiperativa e a fisioterapeuta Carla Pereira compartilhou sua experiência na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
O terceiro dia de atividades do programa de fisioterapia do CBU 2017 contou com temas diversos da fisioterapia pélvica na uropediatria, ginecologia e obstetrícia. O urologista George Rafael Martins e a fisioterapeuta Adriana Bombonato expuseram as principais considerações sobre as disfunções
miccionais na infância. A temática da endometriose profunda também foi destacada através da participação do urologista José Anacleto Dutra de Resende Junior e da fisioterapeuta Renata Buere, que explicaram como entender o comportamento da doença e a radicalidade da cirurgia, bem como a fisioterapia pode contribuir. A fisioterapeuta Geisele Cavalcante de Souza apresentou o tema
“Abordagem conservadora dos prolapsos dos órgãos pélvicos” e o urologista Ricardo Reges
Maia, “Implicações de fatores prognósticos envolvidos no processo de tomada de decisão
do tratamento de mulheres com incontinência urinária”. Essa última teve o intuito de
gerar uma reflexão sobre quais casos devem ser realmente encaminhados aos cuidados da
reabilitação. O programa foi encerrado com evidências científicas sobre a fisioterapia no
cuidado do assoalho pélvico na gestação, no parto e no pós-parto.
Fonte: Jornal SBU-CE